Texto Bíblico: “E disse o Senhor: É razoável esse teu ressentimento?”
— Jonas 4:4
O profeta Jonas foi chamado por Deus para cumprir uma grande missão: pregar à cidade de Nínive, a capital da Assíria. Deus desejava operar ali uma poderosa obra de salvação. No entanto, Jonas resistiu. Seu coração estava cheio de ressentimento — e isso o impedia de ser usado pelo Senhor.
Assim como Jonas, muitas vezes também guardamos mágoas e feridas. Nesta vida imperfeita, cercada de falhas humanas, é comum sermos feridos e decepcionados. Mas quando acumulamos ressentimentos, impedimos o agir de Deus em nós. O coração ressentido não busca perdão, busca juízo; não busca oportunidades, mas punição.
Jonas carregava rancor contra os assírios — inimigos históricos de Israel — e por isso não queria pregar para eles. Preferia morrer a ver aquele povo perdoado. Quantas vezes também dizemos, em nosso íntimo: “Melhor morrer do que perdoar fulano”? Mas o Senhor nos lembra: a vida é sempre melhor que a morte, o perdão é melhor que o juízo, e a misericórdia é melhor que a justiça.
O Peso do Ressentimento
O ressentimento de Jonas o fez descer — desceu a Jope, desceu ao navio, desceu ao porão e, por fim, ao fundo do mar.
O ressentimento nunca eleva, apenas rebaixa. Não há benefício algum na mágoa, no ódio ou no rancor.
Mas há poder e bênção no perdão e na misericórdia.
Jonas, como muitos de nós, tentou esconder seu ressentimento no “porão” do coração. Não assumimos que estamos magoados, damos outros nomes — chamamos de justiça, de razão —, mas no fundo é apenas ressentimento. Hoje, porém, Deus nos chama à libertação. O poder do sangue de Jesus pode curar o coração ferido e libertar do rancor.
A Tempestade do Coração
Deus permitiu uma tempestade para tratar Jonas. Da mesma forma, há tempestades em nossas vidas que são resultado de mágoas e falta de perdão. Quando lançamos o rancor fora, vem a bonança, e a paz do Senhor enche o coração.
No ventre do peixe, Jonas clamou: “Não me lances fora da Tua presença”. Diante da dor, ele compreendeu o valor do perdão. Quem passa por momentos de aflição profunda entende que vale a pena perdoar — perdoar para viver, perdoar para ser livre.
O Senhor usa as provações para nos quebrantar e tornar o nosso coração mais misericordioso. E esse poder de perdoar vem do amor de Deus derramado em nossos corações.
A Boboreira e o Ressentimento
Mesmo depois de tudo, Jonas ainda se mostrou resistente. Ele pregou, viu a cidade se arrepender, mas ficou irado porque Deus perdoou Nínive. Sentou-se para esperar o juízo que não veio. O Senhor, então, fez crescer uma boboreira que lhe deu sombra — e Jonas se apegou a ela. Quando Deus a fez secar, ele se aborreceu novamente.
A boboreira representa o nosso ressentimento — algo que nasce da terra, que alimentamos e do qual não queremos abrir mão. Mas o Senhor pergunta: “O que vale mais, Jonas? A tua boboreira ou 120 mil almas salvas?”
Hoje, Deus quer fazer morrer a nossa boboreira — o ressentimento, a mágoa e o rancor — para fazer nascer em nós o que vem do céu: o perdão e a misericórdia.
Um Coração Livre
Há ressentimentos que guardamos há tanto tempo que achamos que farão falta se forem embora. Mas não fazem. Porque o que vem de Deus é muito maior. O Senhor tem algo novo, algo especial.
Ele pergunta hoje a cada um de nós:
“É razoável esse teu ressentimento?”
Podemos responder: “Não, Senhor. Não é.”
O salmista orou:
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e vê se há em mim algum caminho mau.”
— Salmo 139:23-24
Que esta seja também a nossa oração:
Senhor, sonda o meu coração, liberta-me de todo ressentimento, e faz de mim um vaso nas Tuas mãos.
Dá-me o Teu amor para perdoar, pois o Teu amor foi derramado em nossos corações e é ele que nos dá poder para perdoar.
Glória a Deus.